Adoro as manhãs. A fase do dia onde tudo é possível. O tênue sol evola com qualquer tormento da noite passada. Os pensamentos e as verdades são frescos. Tudo é possível, e tudo é bom.
Detesto as tardes. Tudo é mormaço. O sol a pino transforma tudo em sufoco, em desconforto. A leveza se esvai com rapidez. As possibilidades parecem tão pesadas, difíceis. Mas, as tardes passam.
Pois chega a noite. Os gatos não são pardos. Não os interessantes. É possível vê-los com nitidez. A esta hora, a lua ilumina tudo, as verdades são cristalinas. Tudo se adensa, pouco a pouco. Cada vez melhor.
Então chega a manhã novamente. Se a noite não foi tormento, tem-se a felicidade. Mais um pedacinho de alegria, para guardar, em uma caixinha de veludo, sob o sol tênue da manhã radiante.