Embaixo das árvores, pairando no ar, um floquinho de algodão.
Acompanhou sua corrida, lado a lado. O vento levava o floquinho, que ululava , festivo e alegre.
Como era animado, todo dia o pequeno algodão fazia uma festa. Não importava chuva, sol ou mau humor. Sempre feliz.
O encanto singelo era irresistível. Não havia seriedade que resistísse à alegria tão pura.
Mas, num vento mais forte, o algodãozinho se despedaçou. E caiu aos fragmentos em suas mãos. Nada que pudesse fazer o juntaria. Chorou.
Amaldiçoou o amar. Gostava tanto, e nada o traria devolta. Por que amar? Se as coisas se vão, se elas se quebram e não há poder no mundo que possa juntá-las.
Esse pensamento durou apenas um segundo. Amar era a razão de viver. Uma vida sem amor seria apenas um espaço de tempo, vazia.
Olhou para o céu azul, para agradecer, afinal, amou e foi amado. isso já justificaria qualquer exixtência.
Sorriu, pois no céu havia uma nova nuvem, pequeninha, um floquinho de algodão.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Alice
Num átimo acordou Alice. Respirou, e viu o sol. Sua missão estava dada. Escalar o monte mais alto. Lá encontraria o que tanto ansiava. Juntou em uma trouxinha seus parcos objetos e pôs-se a caminhar.
Ao lado do caminho corria o rio, lânguido e intermitente.Desejou que seu caminho fossem assim, traçado, sem mistérios. Nunca seria.
Atravessando o bosque, avistou uma rara joaninha. Ficou um tempo a contemplá-la. E o pequeno animal pulou para o seu bolso da frente, perto do coração, e seguiu viajem com ela. Sua companheira de viajem, sem a qual muitas vezes não teria forças de seguir em frente.
Para atravessar o rio, precisava aprender a nadar. Entrou na escola. Estudou muito, e por fim aprendeu. No dia da travessia, nada que tivesse aprendido na vida ajudaria.O rio é muito diferente de algo que possa ser aprendido.
A correnteza levava, e não sabia se sua força seria suficiente. Mas nadou. Vislumbrou a outra borda, e por fim conseguiu. Atravessar o rio foi só uma das fases. Faltava a montanha.
Ao pé da montanha, um jardim. Deslumbrante. Mil aromas e cores. E no centro de tudo, uma incomparável rosa azul. Fascinante, a mais bela de todas. E todo o jardim tornou-se uma rosa.
Então, passo por passo, pôs-se a subir. O esforço era atenuado pelo vento fresco.
Chegou. Após a jornada finalmente chegou. No topo, não havia nada. Apenas conseguia ver claramente todo o caminho. Sentou em uma pedra e olhou, sem pressa para o caminho e finalmente entendeu. A busca não era o objetivo, mas a jornada. As pedras que pisou, o vento que sentiu na sua pele. O amor e a amizade, as coisas que aprendeu. E a lapidação da sua mente, que era plena,e em franca expansão.
Após muito tempo, sorriu, sem as toneladas nas costas, que sempre carregou. E como era fácil a descida. Queria correr, pois agora entendia, que a vida deveria ser degustada, em cada instante, em cada face. Que cada segundo era único e tênue.
Antes certificou-se de que a joaninha estava bem agasalhada no seu peito. Se estava feliz e segura. Fora seu guia em cada segundo. E correu para o mundo de delícias, chamado vida
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